Viste-me morrer. Uma morte lenta como quem toma todos os dias um pouco do veneno sem nunca saber se aquela será a ultima dose. Acolhes-te-me no teu leito envolvendo-me com os teus braços quase sempre frios mas sempre capazes de me aconchegar meu coração dorido. Viste as minhas lágrimas caírem em ti, os meus pensamentos absurdos guardas-te sem nunca os teres renegado. Viste-me morrer sem uma palavra dizeres, sem que me mandasses parar com loucura de palavras. Sabias que quando o vazio se apoderava de mim apenas o teu caminho conhecia...quando a loucura me possuia só perto de ti a sanidade recuperaria. A porta deixavas sempre encostada para que junto de ti me deitasse naquelas horas tardias que em lado algum mais seria recebida. Deixaste-me dormir junto a ti, entrelaçada em teus braços frios tantas vezes que a conta perdi. Viste-me morrer e nada disses-te porque sabias que iria renascer. Guardas-te em ti o segredo deste renascimentos de vida, desta alegria de viver, desta gargalhada que agora sou. Mas de ti preciso ainda... meu coração necessita do teu leito, dos teus braços frios...a loucura que agora tenho em nada pertence ao passado . . .uma loucura que me faz rir, que faz os outros rir. . .uma loucura simples. Viste-me morrer aos poucos, agora que renasci poderia dizer que não preciso mais de ti, mas não te posso mentir e basta junto de ti estar para sentir que nunca estarei longe, nunca poderei partir daqui. . .tua casa é minha casa, teu leito é o meu leito apenas nele a noite passa por mim sem tormentos . .. junto de ti ficarei ate que os meus dias sejam os nosso últimos dias